Ao longo desses anos em que a Consolide foi criada, muitos empreendedores iniciantes nos procuram para tirar dúvidas sobre criação de marca. E um dos nichos que mais atraem os aspirantes a donos do próprio negócio é o de moda. Ter uma marca de roupa é um desejo bastante comum.
Só quem passa pela experiência de empreender sabe como é: dá trabalho, tem muitos passos a serem seguidos, mas é também super gratificante. Por isso preparamos este conteúdo para você. Um guia completo sobre como criar uma marca de roupa, desde a escolha do tipo de empresa, passando pela definição do nome e da identidade visual, até chegar à etapa mais importante de um negócio: a proteção da marca, ou seja, o seu registro. Acompanhe o passo a passo a seguir.
Como criar sua própria marca de roupa
Há muita sabedoria na frase de Thomas Edison, que diz: “sorte é o que acontece quando a oportunidade encontra o planejamento”. Porque é com o planejamento que a gente prevê possíveis obstáculos ou aprimora as ideias do negócio. E quando dá match com a oportunidade, então… é só alegria. Veja os primeiros passos de como criar uma marca de roupa.
Defina para quem você quer vender o seu produto
Qual o primeiro passo para lançar uma marca de roupa? Decidir para quem você deseja vender os produtos. Isso mesmo. A definição do público-alvo é muito importante, porque delimita um foco.
Para quem você deseja vender roupas?
- Para homens esportistas?
- Para executivos de negócios?
- Para mulheres grávidas?
- Para bebês e crianças?
- Para quem?
O público-alvo é um grupo específico de consumidores com características semelhantes e desejos em comum. Para determinar este perfil de público, você precisa então fazer uma pesquisa, coletando informações sobre o comportamento de compra, os hábitos de consumo, a classe social e outros dados, como demográficos e socioeconômicos. É muito difícil criar uma marca sem estabelecer esse foco inicial.
O público também é um indicador importante para você determinar a faixa de preço de seus produtos. Perfis de consumidores da classe “A” geralmente compram produtos de valor mais alto, por exemplo.
Escolha uma personalidade para sua marca
Decidir qual a missão, a visão e os valores da empresa é o ponto de partida para o desenvolvimento da personalidade de sua marca.
A missão da marca é a sua promessa: o que você vai fazer para entregar aos seus clientes, qual o verdadeiro motivo pelo qual o seu negócio existe. Ou seja, a missão é a razão pela qual você decidiu empreender.
Já a visão é aquilo que a sua marca deseja ser no futuro. Em outras palavras, a visão é a sua principal motivação para os anos vindouros.
E os valores? Eles são os pilares que sustentam sua marca, as convicções fundamentais que a sua empresa defende. São como as crenças, a postura ética em relação ao que você considera certo e errado. Lembre-se: os valores podem mudar ao longo do tempo, mas durante o período em que estiverem em vigor devem ser inegociáveis para você, como dono do negócio, e para os seus colaboradores.
Faça o seu plano de negócios
Alinhamento dos objetivos, custos básicos de infraestrutura, ações de marketing e publicidade, salário de funcionários... O plano de negócios deve conter todos os elementos necessários para que a empresa comece a operar.
Esta etapa é de fundamental importância para o seu negócio. A execução de cálculos inteligentes para determinar o orçamento, a busca de fornecedores, a confecção das peças de vestuário: tudo deve estar no papel. Nesta etapa também, a ideia é definir de que forma a sua marca vai atuar: como uma revenda ou confeccionando peças próprias?
Veja alguns modelos de negócio:
- Comprar no atacado e revender com sua etiqueta: esta é uma das formas de ter uma marca de roupa. Você adquire peças de vestuário já fabricadas e pode personalizar com sua etiqueta própria. Ou simplesmente criar uma marca, abrir uma loja (online e física) e revender peças de várias marcas diferentes.
- Impressão sob demanda: consiste em definir as estampas e imprimir em peças (geralmente camisetas ou moletons) para vender. Na maioria dos casos, nem é necessário ter estoque, já que há fornecedores que produzem a peça, imprimem a estampa e enviam para o seu cliente, repassando uma comissão pelas vendas. Você só tem o trabalho de fazer a divulgação. Veja um artigo que fizemos sobre criar uma marca de camisetas, que tem o passo a passo para marcas desse nicho específico.
- Produzir roupas próprias: neste caso, você irá criar sua marca e depois fabricar as peças de acordo com o público-alvo que pretende atingir. Para este modelo de negócio, é necessário encontrar um fabricante ou costureiras especializadas, além de exigir a compra de tecido e o conhecimento mínimo na produção de vestuário.
Plano de negócios feito, é hora de abrir a empresa propriamente dita. Bora para o próximo passo?
Escolha o tipo de empresa
Chegamos ao momento de regularizar o seu negócio, ou seja, abrir a empresa e pagar os impostos devidos. Para abrir uma empresa online, você precisa decidir qual tipo se enquadra para o seu negócio. Veja:
- Empresa Individual: não é possível ter sócios, apenas um único dono da empresa. Não há exigência mínima de capital para abrir o CNPJ, mas todo cuidado é pouco, pois seu patrimônio pessoal pode ficar comprometido em caso de endividamento. Médicos e advogados, por exemplo, não podem estar nessa categoria.
- Sociedade Limitada (LTDA): conta com dois ou mais sócios com a responsabilidade restrita ao valor do capital social, sem a exigência de valor mínimo. Em caso de falência, o patrimônio pessoal de cada um fica protegido.
- Microempresa (ME): aqui o empreendedor pode ter um ou mais sócios e faturar até R$ 360 mil por ano. Nesse porte é possível manter o regime de tributação no Simples Nacional com o DAS, que unifica 8 impostos em uma guia mensal. Além disso, a maioria das atividades estão liberadas e a emissão de notas também.
- Empresa de Pequeno Porte (EPP): o faturamento dessa classificação pode ser de R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões ao ano. É preciso ter entre 10 e 49 empregados. Já se for uma indústria de vestuário você precisa empregar 20 a 99 funcionários.
- Microempreendedor Individual (MEI): nessa classificação só é possível a contratação de um funcionário CLT e não é permitido ter sócios. O faturamento anual deve ser somente de R$ 81 mil. A taxa mensal é de R$ 60 para manter e em contrapartida não é obrigado a emitir notas fiscais, apesar de poder se precisar.
- Empresário Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI): o capital social mínimo é de 100 (cem) salários mínimos vigentes em bens ou em dinheiro. Apesar de ter apenas um dono também, os bens pessoais não ficam envolvidos em caso de dívida.
Nesta etapa, conte com a ajuda de um contabilista, para que este profissional possa orientá-lo com todos os trâmites necessários na abertura da empresa. Mas antes de criar o CNPJ da sua marca, você precisa saber se o nome escolhido para ser a sua marca já não está registrado. Entenda mais a seguir.
Pesquise se a sua marca não está registrada
Já pensou se você escolher um nome para sua marca de roupas e de repente descobre que a marca já existe? Entenda: para descobrir se uma marca já existe legalmente em outro local e no mesmo ramo de atividade do seu, não basta apenas procurar o nome escolhido no Google ou pesquisar um perfil no Instagram.
É preciso também fazer uma pesquisa de marcas registradas, para escolher um nome que não tenha sido protegido por outra empresa. No Brasil existe um órgão que regula o registro de marcas e patentes, o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual). O registro de marca é fundamental para proteger o nome que você escolheu para o seu negócio, pois evita que:
- alguém copie sua marca ou logotipo sem autorização
- você use, sem saber, uma marca que já existe e já foi registrada por outra pessoa ou empresa
- você tenha que pagar indenização pelo uso indevido de uma marca que já existe, mesmo que seja em outro lugar qualquer do Brasil.
O INPI disponibiliza para consulta pública os registros de marcas que já existem e também aqueles que estão em andamento. Mas a pesquisa de marcas registradas no site do INPI deve ser criteriosa, levando em consideração o logo e o nome completo, além de prefixos e combinações variadas.
Crie a identidade visual da marca
A identidade visual de uma empresa é formada pelo logotipo, pelas cores, pelo padrão de imagens nas redes sociais, nas publicidade e tantos outros. Trocando em miúdos, a identidade visual dá uma “cara” para a sua marca, é a imagem de seu negócio perante o público.
Por exemplo, a marca Adidas é reconhecida facilmente - e no mundo inteiro - pelas três listras que carrega junto ao seu logotipo. Essa “cara” da Adidas é um dos elementos de sua identidade visual, e leva o público ao reconhecimento da marca. Por isso, esta etapa de definição da identidade é de fundamental importância para posicionar a sua marca no mercado e conquistar novos clientes.
Registre sua marca
Como falamos anteriormente, é o registro de marca que protege o seu negócio e confere propriedade sobre a marca de roupa (nome e símbolo). Com o certificado de registro em mãos, é como se você tivesse a escritura de um imóvel, podendo a marca ser vendida, transferida ou deixada como herança. Ou seja, a marca passa a ser propriedade de quem a registrou.
Existe uma legislação específica para o registro de marcas e patentes: a Lei da Propriedade Industrial (Lei 9.279 / 96). De acordo com a LPI, é proibido registrar uma marca que reproduza ou imite outra marca que já foi registrada.
Duas marcas com o mesmo nome podem confundir o consumidor, e por esta razão é muito importante que você registre e tenha exclusividade sobre o uso do nome em todo o território nacional.
+ Veja como registrar uma marca de roupa
Quanto custa criar uma marca de roupa
Não há varinha mágica capaz de salvar uma marca quando não há planejamento financeiro, não é mesmo? Por isso é bem importante que você coloque os custos na ponta do lápis quando montar o seu negócio. Mas na verdade, é difícil estabelecer um valor exato de gastos na criação de uma nova marca.
Além disso, é fundamental estar atento a alguns aspectos operacionais que podem elevar os custos iniciais, como: ponto de venda, produto, estoque, estrutura da loja, aluguel do imóvel, assistência contábil, correios, pró-labore e salários, despesas de manutenção, marketing, etc.
A abertura da empresa pode variar entre R$1000 e R$5000. Se a sua ideia é vender os produtos em uma loja física, considere a compra de materiais e equipamentos, como: araras, balcões, espelhos, estantes, cortinas. computador, maquininha de cartão, itens de decoração, poltronas, aparelho de telefone, identidade visual, fachada, e outros. Além disso, há custos com reformas e aluguel do imóvel, que podem variar bastante conforme a localização do mesmo. Isso pode custar em torno de R$ 30 mil.
Se você optar por um e-commerce, criando sua loja em plataformas online como Loja Integrada seus gastos serão menores, mas é necessário investir em estoque, identidade visual e marketing. Considere também os gastos com correios ou transportadoras especializadas, embalagens para os produtos, manutenção do site e das redes sociais, etc. Estabeleça um valor mínimo de R$ 10 mil para estes custos.
Seja seu negócio físico ou digital, investir em marketing é importante para divulgá-lo e, com isso, conseguir clientes para sua marca de roupas. Então concentre-se nesta etapa para fazer a sua marca ficar conhecida. Invista tempo na criação de seus canais de venda - inclusive tenha sua loja no Instagram - mesmo que você opte por um espaço físico em uma rua ou shopping. É um trabalho que vale a pena, especialmente em tempos onde as pessoas já se acostumaram a buscar produtos na internet.
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Depois de passar por todas estas etapas, sente-se e saboreie um café! Afinal, se você chegou até aqui é porque já deu os passos mais importantes na criação de sua marca de roupas.
A dica é: concentre-se em tornar a sua marca desejada pelo público, e o sucesso pode chegar mais cedo do que você imagina :D
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