Uma maior clareza de onde queremos chegar nos faz encarar com ousadia os obstáculos do caminho. Não quer dizer que eles serão fáceis de serem superados, mas teremos mais força para vencê-los. A questão é saber como alcançar essa clareza.
Facilmente nos dispersamos com tantas informações que recebemos diariamente. Somos seduzidos por infinitas possibilidades de empregos, cursos, viagens e entre outras coisas que nos deveriam pôr em movimento e acabam nos paralisando.
Direcionar a nossa atenção em uma única coisa nos dá a clareza de onde queremos chegar. Partindo desse fundamento começaremos a trabalhar com coisas concretas, muito bem definidas, para alcançar o objetivo desejado.
As maiores empresas que alcançaram o sucesso geralmente focaram a sua atenção em uma única coisa, ou melhor, em um único produto ou serviço. Investiram tempo, dinheiro e muito trabalho para serem os melhores no que fazem. Aperfeiçoaram-se em uma determinada habilidade para serem os especialistas da área em que atuam.
A única coisa: a chave para o sucesso
Existem muitos refrigerantes no mundo, mas a Coca-Cola permanece insuperável. Temos tantas plataformas de pesquisas na internet, porém o Google tem a primazia. Warren Buffett, Jeff Bezos, Flávio Augusto e tantos outros possuem também resultados extraordinários, mas o que todos eles têm em comum? O foco em uma única coisa.
Garry Keller, em A Única Coisa, advoga que o sucesso é fruto de ter bem estabelecida esta única coisa, que é o caminho para conseguir o que queremos. O sucesso, afirma, é construído sequencialmente, isto é, realizando uma coisa por vez, aperfeiçoando-se em algo específico para a partir daí dar o próximo passo.
Não conseguimos ser os melhores em tudo. Enquanto Jeff Bezos estava construindo a Amazon, não se preocupava em criar o refrigerante mais famoso do mundo. Foi necessário delimitar um campo de atuação e ser o melhor da área.
A única coisa está intimamente relacionada com o nosso propósito de vida. É ela que nos levará à nossa realização pessoal, ao que de fato nós queremos. Importa encontrarmos o porquê, o sentido vital que nos fez abraçar determinado empreendimento.
O sentido vital, quando encontrado, serve feito um farol que nos guia quando as coisas parecem sair dos trilhos. Se não temos esta razão, o porquê, não saberemos escolher a única coisa, e as demais coisas terão o mesmo valor.
É preciso, no entanto, encontrar aquilo que nos é mais importante. Tantas coisas são importantes, mas uma deve ganhar maior ênfase. A hierarquia de prioridades é fundamental. “Quando tudo parece urgente e importante, tudo parece igual”, diz Garry.
Existem coisas que precisam ficar em segundo plano para serem trabalhadas em outro momento, ou simplesmente descartadas. Quem corre atrás de duas lebres, acaba por não apanhar nenhuma.
Outra coisa é importante pontuar. Temos, infelizmente, a ilusão de que fazer muitas coisas durante o dia nos dá a certeza de sermos produtivos. Acordamos com uma agenda esgotada e uma lista de tarefas que nos sufocam. À noite fazemos uma balanço de como foi o dia e, apesar de ter sido intenso, temos a impressão de que não foi o suficiente. A verdade é que nos comprometemos com coisas secundárias, quando deveríamos ter colocado nossa energia no que de fato importa e que nos trará reais resultados.
Fazer muito não é sinônimo de produtividade. Garry nos alerta que uma pessoa multitarefa perde tempo alternando entre uma tarefa e outra, no que acaba tendo uma baixa na qualidade do que faz. A questão não é ter uma agenda ou uma lista de tarefas superlotadas, mas sim priorizar o essencial, o que é mais importante.
Fazer mais é, basicamente, fazer menos.
Como focar no essencial
Determinar esta única coisa é um chamado ao desafio. Suponhamos que você abriu uma loja de doces gourmet. Você concentrou a sua atenção nisso, enquanto poderia ter pensado em abrir uma loja de roupas ou qualquer outra coisa. Muitos eram os caminhos. No entanto, qual a garantia você tem de que o empreendimento escolhido foi a melhor escolha?
O mundo dos negócios não é um jogo de cartas marcadas. Os riscos, perdas e frustrações estão por toda parte, mas apesar das intempéries pelas quais somos cercados, importa não desviar os nossos olhos do essencial: a única coisa. Você sabendo para onde quer levar o seu empreendimento, recusará tudo o que não é importante, tudo o que não é essencial e que só serve como fonte de dispersão.
Tendo, portanto, bem estabelecida esta única coisa, ela deve ser inegociável. Não se trata de sermos reincidentes nos mesmos erros, mas de não desistirmos na primeira queda. Trata-se de um real chamado ao desafio.
Contra o imediatismo: os frutos vêm com o tempo
O sucesso almejado vem com o tempo. A única coisa também é um chamado à paciência, recusando toda sorte de fórmulas mágicas de sucesso rápido, a fim de construir um terreno fértil para os reais resultados.
Enquanto ainda não vemos a árvore frondosa, precisamos continuar no trabalho duro e na espera, olhando para além dos retornos imediatos. Feito disse Bill Gates, as pessoas costumam superestimar o que podem fazer em um ano, mas subestimam o que podem fazer em dez.
Fonte: Globo Esporte
Usain Bolt conquistou oito medalhas de ouro em três Olimpíadas, porém treinou por vinte anos para se tornar o velocista mais rápido do mundo. Gustave Flaubert levou 5 anos para escrever o clássico Madame Bovary, escrevendo cinco horas por dia e com mais seis horas de leitura diária, por um período praticamente ininterrupto. A Nona Sinfonia de Beethoven não surgiu de uma mera inspiração. É obra de uma vida inteira.
Este olhar a longo prazo é fruto da clareza de onde queremos chegar, desta única coisa adotada como estilo de vida, contra tudo o que é dispersante e irrelevante. Daí nasce também uma vontade determinada, que nos impulsiona ao objetivo desejado. Não se trata de motivação, mas sim de um foco muito bem direcionado em uma única coisa.
A motivação nos leva até um pedaço do caminho, mas o restante é impulsionado pela clareza de onde queremos chegar, e isso independe das circunstâncias.
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